Foto por Roberto Júnior www.robertojr.com.br
Eu desisto. Desisto de tudo que me prende e me queima, desisto de tudo que me tornei. Olho para trás e tudo o que sinto é vontade de sentir novamente. Sentir o verdadeiro amor do coração, o brilho no olho da criança, e o afago da mão que apedreja. Acho que o nome disso é saudade. Escrever já se tornou algo monótono pois ao passo que deslizo o lápis sobre o papel, a melancolia de uma vida vazia me consome e me faz enxergar um mar negro de impossibilidades, porém, é tudo que me resta. Eu quero mais. Tenho sede por domínio, quero aspirar, desejar, fazer verdade. Viver de mentiras é muito mais fácil, cômodo… mas não é suficiente. Menosprezo os prezados passos dos vermes que lambem o altar, pois são tão tolos que não sabem interpretar. Hipocrisia de minha parte fazê-lo. Um tanto quanto maluco quando se pensa em leis. Minhas preces profanas são minha esperança. Carrego uma carta na manga, e com ela, lhes dou a palavra de que minha palavra é escrita quando desejo, afinal a palavra é o meu domínio sobre o mundo, e dela, faço todas as minhas verdades.
Texto por Felipe Silva Borborema

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