terça-feira, 23 de agosto de 2011

Até o final...

Foto por Roberto Júnior www.robertojr.com.br

O horizonte que vejo pela janela da vida, me mostra simplesmente um nada. Sinto falta do que nunca me pertenceu. Uma vida negativada à base de erros, é o que se constrói para quem tem um alicerce de vidro. Sentimos prazeres partidos de nossas vontades mais ocultas e sacanas, que, por sinal, temos medo de admiti-las até para nós mesmos. Um átimo é deposto do meu interior com a mesma voracidade e fúria do despertar de um vulcão, que faz propagar pelo ar apenas um urro sangrento de dor, implorando liberdade para o inferno.
A gladius, que me cega os olhos com o brilho refletido de seu corpo, ao brandir, me rasga o peito e depõe o meu pranto ao passo que acaba de destruir todos os meus sonhos impregnados neste coração.
Cansei de sentir badalos através daquilo que já está morto. Ao leito de morte por amor, me canso de assistir. Fecho os olhos agora, apenas escuto. Tudo que ouço é um último escarro de dor desesperada, que me fascina e me faz entender que o único destino que temos, é realmente estar aqui, sozinhos como começamos.

Texto por Felipe Silva Borborema

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